Há quem diga que a laringe é o órgão da emoção, aquele que demonstra o mais profundo de nossa alma. Para os ouvidos mais sensíveis, de fato, a voz é um dos melhores termômetros do humor das pessoas, podendo transmitir com muita sutileza os mais diferentes sentimentos. Ficar com a voz embargada, mudar seu timbre, até ficar sem voz podem ser reações a situações que mudam nosso humor.
Além do próprio timbre em si, a voz é o meio de comunicação para a linguagem falada, que é a comunicação "oficial" dos seres humanos. Claro que existem outros tipos de comunicação, como a linguagem corporal, os olhos, mas, pelo menos em teoria, a linguagem falada é o que se usa para estabelecer um diálogo com o outro, para transmitir uma mensagem mais complexa, etc.
Para o intérprete, seja ele musical ou cênico, o importante é saber dominar estas emoções para transmitir a mensagem do texto cantado ou falado de forma completa. A linha da emoção deve seguir o texto, ou ir contrário a ele, se o intérprete deseja demonstrar ironia, porém esta escolha deve ser clara.
Na música, em especial na música erudita, alguns recursos são utilizados para direcionar esta intenção interpretativa, tais como a dinâmica (variação de intensidade da voz), fraseado e até mesmo inscrições precisas a respeito da emoção a ser passada. Na música popular, geralmente, não existe esse tipo de direcionamento, e é aí que mora o perigo de se fazer uma interpretação rasa da canção. Apesar da falta de instrução a respeito de como cada frase deve ser cantada, a direção deve existir, sempre. Anotar na partitura ou na letra da música, usar de técnicas como a memória afetiva, etc, são muito importantes para o intérprete musical.
Arte é comunicação, e é essencial compreender que a comunicação vai além da linguagem falada. A intonação de voz, os gestos, os olhares, o ritmo do corpo, tudo isso tem de ser levado em conta para que a comunicação seja feita da forma mais sincera e bela possível.