Presente de Grego é um filme de 1987, que atualmente não passa nem mais na sessão da tarde, mas até hoje me inspira, sempre lembro dele quando sou surpreendida com os limões da vida. Ao assisti-lo, pensei que a gente pode aproveitar as situações adversas para se superar e também que eu não precisava trabalhar para os outros, eu podia e devia trabalhar para mim, empreender meus sonhos, mas o mais necessário deles, viver a plenitude do amor.
Em Manhattan J.C. Wiatt (Diane Keaton), é uma executiva de meia-idade que está prestes a atingir um dos postos mais altos da empresa na qual trabalha. Mas tem sua vida profissional e pessoal totalmente alterada quando "herda" a guarda de Elizabeth, uma menina que é filha de um parente distante que morreu. Gradativamente J.C. se envolve com a criança e resolve assumir sua educação, mas acaba perdendo o emprego.
Então, ela se muda com a filha para o interior, disposta a recomeçar do zero e compra uma casa com diversos problemas. Aos poucos ela contorna as dificuldades e se envolve com Fritz Curtis (Sam Wanamaker), um veterinário da região. Mas o que J.C. não poderia imaginar é que indiretamente a criança seria responsável por um sucesso que ela nunca tinha alcançado.
Durante as reviravoltas da personagem central, aconteciam reviravoltas dentro de mim. Pensei que não temos controle sobre tudo, e que a gente tem que estar livre para aceitar os desafios que a vida traz para nós. Muitas vezes, a gente se fixa num “problema” como se fosse um mau sem fundamento, quando na verdade devemos cumprir com o exercício de estar aberto a ver o lado bom da situação, por mais dolorosa que seja, e ver o que aquele acontecimento nos traz de novo.
A única certeza que temos na vida é que tudo muda, então temos que estar dispostos a deixar o velho morrer e renascer com o novo. E nada melhor que uma nova vida, principalmente uma vidinha cheia de dobrinhas e sorrisos fáceis para nos lembrar que apesar de todo o choro, lágrimas e dor, a ternura se faz presente. É um calorzinho no peito muito muito pequeno, mas que é capaz de aquecer o frio de qualquer tempestade e incendiar uma grande mudança.
Na verdade, todos os problemas que enfrentamos desde stress, impaciência, trabalho excessivo, doenças psicossomáticas e
ocupacionais, até chegar nas mais violentas guerras são todos por uma razão só, falta de amor. Falta de viver o amor, de se relacionar com amor, de olhar para si e se tratar com carinho como se trata de um bebê, e nada melhor do que se relacionar com um bebê para resgatar a ternura da vida.