Em um novembro frio e chuvoso, a ansiedade tomava conta do meu coração. Já estava prestes a entrar na 38ª semana de gestação, com a cesária marcada para 15 de novembro. Com 29kg a mais, pressão alta e diabetes gestacional, não estava sendo nada fácil completar os 9 meses de gestação. Com 35 semanas começaram as contrações e dilatação, Artur já estava querendo nascer. Como ainda não era a hora, passei as últimas três semanas de gravidez fazendo repouso absoluto. Cada vez que ia ao banheiro, era um medo enorme da bolsa estourar. Por fim, só conseguia dormir sentada por causa da falta de ar. E até a hora em que fui para o hospital, a terrível azia estava ali comigo.
Foram litros de cremes e oléos para evitar as temidas estrias. De nada adiantou, minha barriga, minhas coxas e meus peitos ficaram tão enormes que ganhei um verdadeiro mapa hidrográfico estampado no meu corpo.
Ai, como a gravidez foi difícil. Por causa da diabetes gestacional tive que fazer uma dieta muito restritiva sem açúcar, glúten, lactose e sem variedade de frutas. Sentia muita fome e tinha que comer coisas que não preenchiam o vazio que meu estomago sentia. E pra piorar, ainda desenvolvi uma alergia a castanhas. Ou seja, não podia comer nada gostoso. Sem contar o sono, as dores no corpo, o cansaço nas pernas, as mudanças físicas e hormonais. Só mesmo os meus cabelos ficaram maravilhosos na gravidez.
Enfim, há dois anos abri mão da minha vida, do meu corpo e da minha vaidade para realizar meu maior sonho, que era o de ser mãe. Deus foi tão maravilhoso comigo que pude conceber em meu ventre uma criança tão linda, abençoada, iluminada, inteligente e cheia de saúde. Às vésperas do Artur completar dois aninhos, faço essa breve retrospectiva para me encorajar e ganhar forças na difícil tarefa que é ser mãe.
Meu filho veio ao mundo sem chorar, nasceu em silêncio... Cheio de preguiça. Como disse a pediatra que assistiu ao parto, Artur nasceu dormindo, foi acordado logo de manhã em um feriado para encarar um mundo completamente novo. E assim que encaro minha missão de mãe: a cada novo dia, desperto para um mundo completamente diferente. Mas o que sempre permanece igual é o amor incondicional que sinto pelo meu filho. Ser mãe é, sem dúvidas, a melhor escolha que já fiz em minha vida.