Amor líquido
- Priscila de Lima
- 5 de dez. de 2018
- 2 min de leitura

Na última semana levei meu filho à pediatra para consulta periódica. Com os seu dois anos recém completados, a médica disse que já cumpri, com louvor, o tempo de amamentação e que já posso começar a desmamá-lo. Embora seja um alívio saber que meu filho já está pronto e cheio de saúde para encarar uma nova fase, meu coração de mãe dói só de pensar que este período tão nosso está chegando ao fim.
Desde a gravidez fiz de tudo para me preparar para a amamentação. Era um sonho complementar ao de gerar um filho. E Deus foi tão generoso comigo que não sofri com peito rachado e nem com bico invertido. Ao longo destes dois anos, usei muito absorvente de peito, fiquei cheirando a leite azedo e levei muitas e doloridas mordidas (e ainda levo). E acho que vou sentir muita falta disso tudo... Acho não, tenho certeza!
Vou sentir falta de ouvir meu filho falar "qué tetinha" e "mamá todo meu". Sentir falta de passar vergonha toda vez que ia na rua e Artur levantava minha blusa pra mamar... E enquanto mamava em uma, ordenhava a outra (quanta vergonha já passei). Mas encarar que este ciclo está acabando é difícil. Artur ainda mama para dormir, no aconchego do colinho da mamãe. Não é por fome, tenho certeza! Ele come de tudo, se alimenta muito bem, mas pede para mamar sempre que quer ficar quietinho curtindo um denguinho. Como isso é bom!!! Amamentar não é fácil, é exaustivo... Mas emagrece. Ajuda o útero a voltar após o parto, é a primeira vacina que a criança recebe. É amor líquido e saúde para o bebê. A criança que mama no peito não fica com sobrepeso... Enfim... A lista é imensa do que se pode relacionar à amamentação. Ah, o peito cai sim... Nada mais natural... Com a idade, chega uma hora que o peito vai cair mesmo. Então, vá para academia malhar e fortaceler a musculatura ou encare uma cirurgia plástica. Ou se for mais cômodo, existem sutiãs que elevam tudo e garantem um resultado imediato. Ou seja, tem jeito pra tudo.
Mas o que não tem como é voltar atrás no tempo, querer que meu filho seja um bebê pra sempre. É doído, mas é preciso aceitar que meu menino já está ficando grande e que o meu coração, cheio de dó, precisa amadurecer. Desmamar não será fácil, será um processo cheio de lágrimas e saudades, que ainda não sei se estou pronta para encarar.
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