
Oi, gente, resolvi que nesse segundo post vou continuar falando um pouco mais dos encontros e reflexões que tive sobre o querido dramaturgo Britânico, William Shakespeare, porque ele merece. E também porque sei que para quem gosta e para quem não gosta, mas ama a arte e, ou quer ser ator precisa pelo menos entende-lo.
Bom, vamos olhar o autor agora a partir de um pouco da história do seu tempo. As obras de William Shakespeare nascem em Londres, no período do Renascimento ou Renascença.
O movimento predominou no Ocidente entre os séculos XV e XVI, principalmente na Itália, centro irradiador desta revolução nas artes, na literatura, na política, na religião, nos aspectos socioculturais. Deste polo cultural, o Renascimento se propagou pela Europa, especialmente pela Inglaterra, Alemanha, Países Baixos e com menos ênfase em Portugal e Espanha.
Este movimento representou, portanto, uma profunda ruptura com um modo de vida mergulhado nas sombras do fanatismo religioso, para então despertar em uma esfera materialista e antropocêntrica. Agora, o centro de tudo se deslocava do Divino para o Humano, daí a vertente renascentista conhecida como Humanismo, a profunda valorização do ser humano e todas essas conjunturas já desenhavam o que seria a modernidade com sua ênfase na razão e, dentre outras tendências, a filosofia existencialista.
Todo o movimento renascentista aconteceu por causa da descoberta de manuscritos em grego e latim que haviam sido perdidos durante o período medieval. Tais informações abriram janelas para uma nova forma de enxergar o mundo. Pois, fora compreendido que a vida do homem na terra não era apenas uma jornada num dilema entre a busca por salvação ou condenação, como na antiga visão medieval.
Os humanistas, os pensadores renascentistas, defendiam que o objeto a ser estudado não era Deus, mas, sim o homem. Nesse momento ganharam força os estudos sobre anatomia, astronomia, ciências políticas, entre outras áreas que haviam sido proibidas pela igreja no tempo medieval.
Alguns outros grandes artistas apareceram nesta época como os pintores Leonardo da Vinci e Michelangelo, que buscavam ser precisos na retratação da anatomia humana em suas obras, da forma mais realista possível. Este espírito de descoberta foi o mesmo que inspirou as expedições de Cristóvão Colombo e Pedro Álvares Cabral.
Com tantos movimentos acontecendo na Europa, acontece então a Reforma Protestante, que gerou uma tensão entre os poderes do estado e da igreja. A intenção era desmontar os principais sistemas que mantinham a hierarquia e o poder, como a igreja, principalmente. Os principais líderes da Reforma Protestante foram Martinho Lutero e João Calvino.
A nova perspectiva era de que a vida do homem na terra tem um fim por si só, e que cada um tem o direito de fazer suas próprias escolhas. Na visão medieval, também entendia-se que era necessário um intercessor como o padre para ter algum contato com Deus. Porém, no Renascimento, a ideia era que Deus poderia ser acessado por qualquer pessoa, sem necessidade de um outro intermédio. Deus poderia ser encontrado por qualquer um que lesse a bíblia.
Neste mesmo período, foi inventado a imprensa. A bíblia foi traduzida e impressa em vários idiomas. Havia o interesse de que mais pessoas pudessem ler as escrituras. Logo, houve uma grande mobilização para que todos aprendessem a ler e a escrever, o que refletiu num grande desenvolvimento intelectual sobretudo na Alemanha.
Mas, bem, expliquei tudo isso para enfatizar as questões enfrentadas por todos os personagens de Shakespeare. Eles têm características que refletem bastante esse tempo. As facetas são tão realistas que alguns especialistas brincam que Shakespeare inventou o humano. Pois, posteriormente Freud e Jung chegam a usar tais obras em seus estudos sobre o inconsciente. Muitas falas de seus personagens são baseados em trechos de passagens bíblicas. A dramaturgia Shakesperiana é cheia de questionamentos filosóficos sobre a existência humana, suas paixões e angústias.
Agora podemos entender melhor o que é Hamlet, e sua famosa fala “Ser ou não Ser”, em inglês, “To be or not To be”, que em tese seria estar ou não estar vivo. Essa fala foi analisada junto com outros discursos de personalidades reais e personagens de outras obras, e foi constatado como o discurso de maior QI, quociente de inteligência.
Em Hamlet, o autor britânico firmou ainda mais seu nome na literatura universal, pois sintetiza todas as maiores perguntas da humanidade durante a grande ação dramática que é a vida. Uma vez que sabemos que a única certeza que temos é a morte, o que acrescenta uma tensão em cada uma das escolhas que temos que fazer e males que temos que suportar nesta lugar “debaixo do reino do sol”. A cada segundo consciente ou inconsciente nos perguntamos, falar ou não falar, querer ou não querer, decidir ou não decidir, ir ou não ir, ser ou não ser....
E você, e sua vida, como está sendo? Em que tempo você está vivendo? No tempo medieval em que é necessário seguir uma ordem preestabelecida que não tem nada a ver com a sua vontade? Será que está se escondendo atrás disso, para não passar pelas angústias das perguntas e pelo medo de assumir seus atos? Ou você está pensando em como dar ordens, oprimir e dominar os que te rodeiam, impondo suas únicas e imperiosas vontades? Ou, você, já atravessou essa questão e está disposto a tratar todos de igual para igual, sob as mesmas medidas e valores? Será que você está disposto a fazer seu próprio caminho, e se responsabilizar por seus próprios ganhos e perdas?
Quem quiser compartilhe aqui seu “ser ou não ser” de cada dia!
Fonte Extra: http://www.infoescola.com/movimentos-culturais/renascimento/