Uma das melhores surpresas da TV brasileira neste ano foi o Dancing Brasil, da Record TV. O programa, que estreou sua primeira temporada em abril, parece ser um velho conhecido do público, mas não é. Uma sutil diferença mostra o porque. Tanto o Dancing Brasil quanto a Dança dos Famosos, sucesso há 12 anos no Domingão do Faustão (Globo), são versões nacionais de formatos estrangeiros. O programa da Record é baseado no formato Strictly Come Dancing, da BBC de Londres. A atração da Globo é baseada no formato Strictly Dancing, da Endemol. Que por sua vez, é uma variação do Strictly Come Dancing.
Portanto, o Dancing Brasil segue de maneira mais fiel o sucesso que estreou na TV inglesa em 15 de maio de 2004 e rapidamente se espalhou por muitos países. Esta fidelidade ao formato é vista no cenário, no critério da escolha dos jurados, no estilo dos figurinos, nas funções dos apresentadores e especialmente nos ritmos dançados. Nas duas temporadas já exibidas do programa, o público brasileiro se divertiu, mas ainda tenta entender completamente ritmos como jive, quickstep e samba que não necessariamente é o de gafieira. E que uma música pode ter como dança o ritmo que não é o seu original rendendo um ótimo resultado. Mas ao mesmo tempo se identifica com elementos conhecidos de outros reality shows e também do que já acompanhava antes na TV.
Começando pela apresentadora. Xuxa Meneghel parece finalmente ter encontrado seu caminho na Record. Ao mesmo tempo que em alguns momentos quer aparecer mais do que todo mundo, como se fosse mais importante do que a competição. Parecendo sempre fazer questão de ser mostrada como a rainha, esperando que a plateia grite em coro que a ama. Sem dúvida o prestígio dela é importante para o programa. Mas a existência dele não está condicionada a ela. O papel de Sérgio Marone parece dispensável, mesmo fazendo parte do formato do programa. O que incomoda é o comportamento robótico e engessado de quem espera-se que tenha um mínimo que seja de naturalidade diante das câmeras por ser ator. A torcida é grande para que a Record coloque outro nome de seu elenco no lugar de Marone na próxima temporada do Dancing Brasil prometida para o ano que vem.
Chegando na competição em si, incluindo a relação dos competidores com o público. Na primeira temporada, exibida entre abril e junho, a atriz Maytê Piragibe desde o primeiro programa mostrou ser uma excelente dançarina e por isso conquistou muita torcida. Não apenas na competição, mas também no aspecto afetivo, que a parceria com o dançarino profissional Paulo Victor fosse além do palco. Mas perdeu parte dela ao criticar indiretamente um colega de programa, Lucas Teodoro, parceiro da ginasta Jade Barbosa. No programa que os concorrentes tiveram os parceiros trocados entre si Maytê não teve um bom desempenho. Que no programa seguinte rendeu um comentário pra lá de infeliz da parte dela insinuando que não foi bem por causa do parceiro. Como diz o ditado, quem fala o que quer ouve o que não quer. E também recebe uma reação que não quer. A partir daí a torcida por Jade aumentou ainda mais. Afinal, além de dançar muito bem, passava uma imagem de ser uma pessoa mais educada. Mas no final das contas e da temporada venceu o conjunto da obra, Maytê e Paulo se tornaram campeões.
Mesmo enfrentando a forte concorrência de Tela Quente (Globo), do já extinto Máquina da Fama (SBT), do Programa do Ratinho (SBT) e do desligamento dos canais do Simba (Record, SBT e Rede TV) para os assinantes de TV a cabo da grande São Paulo, o Dancing Brasil engatou a segunda temporada. Separada por poucas semanas do fim da primeira temporada e exibida entre julho e setembro, esta foi a temporada de Yudi Tamashiro. Dançando com a competência de um dançarino profissional e tornando insignificante o fato de ser mais baixo que sua parceira Bárbara Guerra, o apresentador foi o maior destaque durante toda a temporada. Tanto que ele e Bárbara se tornaram campeões com uma votação bem expressiva do público, 80%. Outro destaque desta temporada foi uma fama que este tipo de atração televisiva tem: tentar levantar a carreira de quem estava meio esquecido pela mídia. Que o digam Suzana Alves, ainda mais lembrada pelo público como Tiazinha e não como Suzana, e Theo Becker, procurando mostrar que não é o maluco da sua ao mesmo tempo inesquecível e polêmica participação em A Fazenda. Se eles voltarão a ter o prestígio que querem ter, só o tempo dirá.
Ainda neste ano teremos mais emoções com o Dancing Brasil. Já foi gravado o especial de fim de ano, que será uma espécie de temporada de um programa só. Celebridades como Marcos Mion, Ticiane Pinheiro e Joelma, dançarão com seus parceiros e disputarão o prêmio que será doado a uma instituição de caridade. Com a volta dos canais do Simba aos assinantes de TV a cabo da grande São Paulo ainda na reta final da segunda temporada, a perspectiva de audiência e repercussão do público, especialmente nas redes sociais, no especial de fim de ano e na terceira temporada do Dancing Brasil é muito boa. No seu primeiro ano de existência o Dancing Brasil mostrou que tem potencial para muitas temporadas e que o sucesso de um programa de TV nem sempre é medido pela liderança da audiência do horário de exibição.