Quando eu tinha uns cinco anos, tempo em que a gente ainda gravava filme da televisão no vídeo cassete, meu pai gravou para mim Mary Poppins. Eu amei, tanto que queria assistir todo o dia, e sempre acompanhada do meu pai, coitado! Ele viu a fita infinitas vezes.
O filme estrelado pela atriz que me inspira até hoje, Julie Andrews, tem cerca de duas horas ou mais de duração. Logo, eu não assistia até o final, pois a fita tinha acabado e não deu para gravar o filme todo.
Certa vez, o filme repetiu e meu pai tentou gravar o fim, mas não deu certo. Bom, eu me conformei em assistir várias vezes a chegada da Babá voadora com seu guarda chuva mágico de papagaio falante. Doce, meiga, inteligente, firme, boa sapateadora, cantora perfeita, feita por uma atriz que deslizava sua candura através de Mary pelas câmeras de Hollywood.
Assisti o visionário artista desenhista que precisava limpar chaminé para sobreviver numa Londres elitista, em pleno desenvolvimento do industrialismo e toda sua tensão social. Via o limpador de chaminé sapatear e dançar sobre toda sujeira daquela noite escura. Pulei junto com ele. Jean e Michael nos seus desejos coloridos dentro de mim onde moraria a cor mais linda dos meus arco-íris da esperança e fé no amanhã., cantando "Supercalifragilisticexpialidocious”.
Tempos depois aconteceu o que acontece com todas as crianças: tornam-se adolescentes e começam a ver a maldade do mundo, os hormônios explodem de intolerância e sobretudo reclamam ressentido-se dos seus amores mais próximos como o dos pais. Mas, passado o vendaval, me encontro aos 30 anos em Dallas, assistindo a montagem da Broadway, Mary Poppins. Eu estava muito feliz com a viagem que foi 100 por cento maravilhosa já que tive todo apoio de meus pais. Então, nessa ocasião consegui ver o final da história em que a a família não precisa mais da babá, porque os pais aprenderam a compreender o universo de seus filhos, e os filhos passaram a se divertir e se regozijar no amor de seus pais com toda gratidão do mundo em seus corações.