
No final de janeiro deste ano uma notícia surpreendeu os telespectadores brasileiros. A Globosat anunciou a compra de episódios dos seriados mexicanos Chaves e Chapolin e sua exibição no canal Multishow. Tanto de episódios exibidos pelo SBT quanto de episódios inéditos no Brasil.
Como assim os seriados que fazem parte da identidade da emissora de Silvio Santos foram pra Globo? Mas como diria Chapolin Colorado, “palma, palma, não priemos cânico”. A exclusividade na TV aberta brasileira continua com o SBT, assim como e desde 1984. A compra feita pela Globosat e válida apenas para TV a cabo. É bom lembrar que não é a primeira vez que os dois seriados são exibidos em algum canal que não e o SBT. O menino do barril e o super herói da roupa vermelha já passaram por Cartoon Network (2010 a 2012), Boomerang (2014 e 2015) e TBS (2014 a 2016). Naturalmente sem tanta repercussão como já é no caso do Multishow, que começará a exibir as séries no dia 21 de maio.
Repercussão que vem com uma boa dose de curiosidade. E a dublagem dos episódios? Os exibidos pelo SBT continuarao como sempre foram. O contrato diz que a dublagem também pertence a Televisa, emissora mexicana que produziu e exibiu originalmente na década de 70 e, claro, dona dos episódios. Os episódios que não fazem parte deste lote, incluindo os que foram lançados em DVD a alguns anos atrás, terão uma nova dublagem. Procurando se manter o mais fiel possível a dublagem clássica, que há quase 34 anos marca e encanta gerações no SBT. A Globosat negociou com os dubladores originais que continuam na ativa para que participem desta nova dublagem. Assunto que o público precisa ter um pouco mais de compreensão. Infelizmente alguns dos dubladores originais já não estão mais entre nós. Começando pelo protagonista. Marcelo Gastaldi, que dublava Chaves e Chapolin, faleceu em 1995. Por mais que a Globosat encontre dubladores com vozes bem parecidas com as vozes que já partiram, não vai ser a mesma coisa porque não vai ser a mesma voz. Esses episódios não terão aquele gostinho de infância que a dublagem clássica traz. Mas continuam interessantes por ser inéditos.Ou será que era melhor estes episódios fossem exibidos com o áudio original em Espanhol e legendados em Português? Demorou, mas o Brasil vai saber que as aventuras de Chaves e Chapolin vão muito além do que sempre vimos no SBT.
Emissora que sabe muito bem que as séries são garantia de uma boa audiência não importa o horário. Mas já deu mais valor a elas. Chapolin ficou anos fora da grade de programação. Voltou em 2013 e não durou muito tempo. Depois de algumas idas e vindas, a série não é mais exibida desde junho do ano passado. Chaves continua com seu espaço na programação, embora o horário varia bastante em cada lugar. Sempre conquistando resultados expressivos de audiência. Por exemplo, no Rio de Janeiro a série aumentou a audiência das tardes (13h15 às 15h00) que não andava bem. Será que a “concorrência” com o Multishow fará com que o SBT e suas afiliadas valorizem mais Chaves e Chapolin, não apenas postando indiretas nas redes sociais? Quem sabe…
O mais interessante nessa história toda é como o sucesso de Chaves e Chapolin ultrapassa as fronteiras da televisão. Pelo sucesso comercial dos produtos lançados especialmente nos anos 90, como brinquedos e revistas em quadrinhos. Que continua até hoje, nem sempre com produtos oficiais, por exemplo, em fantasias, livros e camisetas. Indo pelas conversas do dia a dia, quando bordões como “ninguém tem paciência comigo”, “cale-se, cale-se, cale-se você me deixa louco” e “suspeitei desde o princípio” saem naturalmente integrados a conversa ao mesmo tempo que proporcionam divertidas lembranças das séries. Passando até pelo desfile das escolas de samba. Em 2010 a escola de samba carioca Viradouro homenageou o México no seu desfile que também citou Chaves e Chapolin. Neste ano a escola de samba paulistana Unidos de Vila Maria fez um enredo parecido e valorizando mais a figura de Roberto Gomez Bolaños, criador e protagonista das séries. Chegando na internet, onde vários episódios das séries são facilmente encontrados, mostrando que nao faltam meios para assistir as séries, se juntando a televisão e ao Netflix.
Portanto, series tão divertidas, engraçadas e que trazem tantas lembranças boas tem mais e que ter espaço garantido na grade de programação. Não importa em que canal. Também para que uma nova geração de crianças conheça e se divirta com esse humor aparentemente simples, mas que faz uma interessante crítica social que permanece atual até hoje. Com SBT e Multishow cumprindo o acordo com a Televisa de exibir episódios de Chaves e Chapolin, os 2 canais tem tudo pra sair ganhando por seus próprios méritos, conquistando a audiência da melhor forma possível. Tomara que isso realmente aconteça. Afinal, novamente como diria Chapolin Colorado, “sigam-me os bons!” É tão bom cumprir o que é pra ser cumprido. É tão bom assistir Chaves e Chapolin.