Quando eu era criança, adorava desenhar! Tinha meus cadernos de desenhos, muitos lápis e canetinhas coloridas. Era o que realmente fazia a minha imaginação ir longe... e eu era boa naquilo que fazia! Sempre recebia elogios das professoras nos meus trabalhos de pré-escola e, anos mais tarde, nos exercícios de artes do colégio também.
Depois que me tornei adulta, deixei de lado essa paixão e nunca mais me permiti relaxar traçando linhas no papel. Até que depois dos 30 anos resolvi me presentear com aulas de desenho e redescobri essa minha paixão de criança. Engravidei e dei um tempo nas aulas, mas hoje continuo exercitando minhas habilidades artísticas juntamente com o meu filho. E como tem sido legal!
Logo que ele completou o primeiro aninho, comecei a dar lápis e papel na mãozinha dele. Para minha surpresa, mesmo tão pequeno, ele entendeu para que serviam os dois e passou a traçar pequenos rabiscos. Passei a desenhar para ele figuras como flores, nuvens, sol, árvores, coração e estrelas. Até que certo dia, fui surpreendida por um pedido especial. Ele pegou o lápis, apontou para o papel e disse: "xixa". Ou seja, ele queria que eu desenhasse uma lagartixa. E a partir de então, ele passou a desenhar "xixas" para todos os lados, pedindo, inclusive para que todos desenhassem "xixas" para ele.
Na semana passada ele descobriu o poder de um lápis na parede. E a mamãe deixou... Rabiscou à vontade! Não tive coragem de bloquear aquele lindo momento criativo dele. Não sei se estou certa ou errada, mas vi tudo aquilo como algo muito importante para o aprendizado dele. Com 1 ano e 7 meses ele sabe pegar em um lápis, tem traços firmes, sabe reconhecer formas e figuras, além de dizer o que o desenho dele representa. Algumas vezes ele desenha o papai, outras a mamãe, o vovô ou a vovó... Mas ele gosta mesmo é de desenhar animais. E sempre depois que ele desenha, bate no peito e fala: "Tutu" (querendo dizer que foi o Artur quem desenhou). Agora mesmo, enquanto eu redigia este texto, ele pegou a minha mão, me puxou e falou "ápis, gegenho", me pedindo o lápis para fazer desenho. E a mamãe aqui fica babona com o pequeno artista dela. São riscos e rabiscos que dizem muito para mim. Enquanto para alguns pode não parecer nada, para a mãe orgulhosa que sou são traços mais valiosos do que qualquer obra-de-arte. Esses tantos riscos abstratos, e que parecem aleatórios, resumem tudo o que passa na sua cabecinha que já entende as coisas e sabe muito bem o que quer. É a forma como o meu bebê consegue expressar o que ele já entende do mundo. E como eu admiro meu pequeno artista.