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Sai de Baixo


Em 1996 o reinado de Silvio Santos nas noites de domingo ganhou um forte concorrente. Estreava na Globo Sai de Baixo. As aventuras da família mais louca do Largo do Arouche rapidamente conquistaram o Brasil. O solteirão Vavá (Luis Gustavo) e sua empregada e fiel escudeira Edileusa (Cláudia Jimenez) tem uma grande mudança em suas vidas quando certos parentes falidos dele resolvem morar no mesmo apartamento. Cassandra (Aracy Balabanian), irmã de Vavá, sua filha Magda (Marisa Orth) e seu genro Caco Antibes (Miguel Falabella), junto com Ribamar (Tom Cavalcante) que é o porteiro do prédio, tornam as vidas de Vavá e Edileusa ainda mais confusas e, ainda bem, divertidas. Os episódios eram gravados no teatro Procópio Ferreira em São Paulo. Estar na plateia numa gravação do programa se tornou um sonho para muita gente. Os textos eram tão engraçados que em alguns momentos nem o próprio elenco aguentava e começava a rir no meio da cena. Além dos cacos, quando o ator diz algo que não estava no texto, improvisos e erros de gravação que tornavam os episódios ainda melhores.

Depois de um ano de muito sucesso começaram as inevitáveis mudanças. Edileusa deixou o emprego e Vavá teve outras 3 empregadas. Lucinete (Ilana Kaplan), Neide Aparecida (Márcia Cabrita) e Sirene (Cláudia Rodrigues). Ribamar também deixou o emprego e foi se aventurar em outros trabalhos e horários. A maternidade muda os caminhos da mulher. Assim também foi nos rumos de Magda e Neide Aparecida quando suas intérpretes engravidaram, mesmo gravando o programa durante a maior parte da gestação. Vavá não foi um exemplo de empresário bem sucedido, mas trabalhou em várias áreas. Até abriu um restaurante que não durou muito pela exigência do maior cliente, a audiência. Afinal, não é fácil conseguir dinheiro pra pagar as contas da família, principalmente a fatura do cartão de crédito que Caco adora usar como se não houvesse amanhã e limite também. Também passaram pelo caminho de Vavá e sua família Pereira (Ary Fontoura), Ataíde (Luiz Carlos Tourinho) e o menino Caquinho (boneco dublado por Mário Jorge/Lucas Hornos).

Exatamente 6 anos depois da estreia, na noite de 31 de março de 2002, foi exibido o último episódio, O Último Golpe do Arouche. A audiência e a repercussão do Sai de Baixo naturalmente não eram mais os mesmos dos primeiros tempos, mas o programa deixou seus fãs com muita saudade. Em 2010 surge o canal Viva na TV por assinatura e as reprises da maior parte dos episódios do Sai de Baixo sempre estiveram presentes na grade de programação. Nos primeiros tempos do canal o programa era exibido de segunda a domingo. Atualmente é exibido terça às 21h15, com reprises do episódio quinta às 22h e domingo às 23h45. Um sucesso tão grande que ficou não apenas nas recordações do final dos anos 90 e comecinho dos anos 2000. Em 2013, iniciando os remakes, continuações e coisas do tipo produzidos pelo Viva e também exibidos posteriormente pela Globo, vimos em 4 episódios inéditos gravados no mesmo teatro Procópio Ferreira mais confusões de alguns dos personagens. Vavá, Cassandra, Caco e Magda se reencontram e tem uma grande surpresa. A nova dona daquele mesmo apartamento do Largo do Arouche é Neide Aparecida, que enriqueceu ao ganhar uma indenização milionária de uma ex-patroa e comprou o imóvel. Mas ela sofre um golpe do mordomo Jean Jacques (Tony Ramos), que foge com sua fortuna. A solução para Neide é entrar num acordo e aceitar que Vavá, Cassandra, Caco e Magda morem no apartamento e voltar a ser empregada deles. E os cinco voltam a fazer de tudo pra sobreviver e ganhar dinheiro, de preferência com o mínimo de esforço possível.

Mesmo sem episódios inéditos produzidos depois de 2013, no ano passado o Sai de Baixo ganhou mais um horário de exibição. Aos sábados à tarde na Sessão Comédia (Rede Globo). Faixa que antes disso exibia desde sua estreia em 2015 Os Caras de Pau. Embora algumas partes do Brasil não assistam porque o horário e liberado para exibição de programas locais. E atualmente o programa está fora do ar devido a Copa do Mundo. A forma que os episódios da leva 1996 a 2002 são exibidos não é a ideal. Vários episódios nem foram exibidos. Os que foram sofrem cortes que por várias vezes prejudicam a compreensão do episódio. O horário não permite mostrar situações mais pesadas, mas vale a pena exibir uma atração que de tantos cortes perde um pouco do sentido pra não ter outros problemas mais tarde? Será que a Sessão Comédia serve apenas pra tapar buraco na programação? Não faltam maneiras de assistir o Sai de Baixo, ainda bem, mas o programa poderia ser tratado com mais respeito. Quem sabe ainda seja.

Assistir o Sai de Baixo continua sendo um programa divertido, garantindo boas risadas e recordações. Mas ao mesmo tempo faz pensar mais ainda em questões que já apareciam no final dos anos 1990 e começo dos anos 2000. Até que ponto ver Caco Antibes dizendo que tem horror a pobre é engraçado? Será que algumas situações envolvendo mulheres são engraçadas ou ofensivas? Incluindo as situações das famosas “pérolas” da Magda, que só ela mesma pra dizer. Os episódios nos mostram também como a sociedade mudou, ou não, com o passar dos anos e não apenas nos avanços tecnológicos.

22 anos se passaram desde o começo desta história tão divertida e interessante. Que ainda não terminou e tomara que esteja longe de terminar. O próximo capítulo dela é o filme do Sai de Baixo. O elenco original de 1996 divulgou a novidade nas redes sociais e começou os preparativos para as filmagens. Que começaram depois que Cláudia Jimenez deixou o projeto. Devido a problemas de saúde, Luis Gustavo chegou a anunciar que também deixaria o filme. Mas, ainda bem, o ator gravou sua participação, mesmo sendo menor do que se esperava. A produção terá roteiro e direção de Miguel Falabella, que também escreveu alguns episódios do programa. Trazendo novidades no elenco, Cacau Protasio como Edileusa, o que é bem surpreendente, e Rafael Canedo como Caquinho. Márcia Cabrita também estaria no elenco, mas infelizmente não deu tempo. A atriz faleceu em novembro do ano passado. Enquanto o filme não chega aos cinemas, vamos continuar curtindo os episódios não importa a forma. Rindo, percebendo a crítica social de ontem e hoje, nos identificando e por aí vai. E que venham ainda mais capítulos das aventuras de Vavá, Cassandra, Caco, Magda e companhia. Não importa a forma.

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