Desde que me tornei mãe, ainda não havia experimentado uma hora inteirinha dedicada só pra mim. Sempre estou com Artur a tiracolo, fazendo as coisas dele e para ele. Quando ele fica com minha mãe ou minha sogra é para eu trabalhar ou resolver alguma coisa que não tem como levá-lo junto. E nunca sobra um tempinho só pra mim.
Mas neste domingo meu marido resolveu me proporcionar um tempinho só pra mim. Ficou com o Artur pela manhã para que eu pudesse fazer algo que estava me fazendo muita falta: correr. Antes da gravidez, adorava praticar esportes. Fazia musculação, corria, praticava ioga, pilates... Como era bom e como me faz falta cuidar do meu corpo e limpar minha mente. Então acordei cedo, me preparei como antes: coloquei uma roupa de ginástica, tomei um café da manhã levinho, fiz uma série de alongamentos e fui correr. Foram apenas 4 km, alternados em trotes e caminhadas. Percebi que a minha ansiedade vivida nos últimos anos não me permite respirar de forma correta e como é difícil se desligar e não pensar em nada. Como é difícil!!!
A cabeça fica a mil e mesmo tentando, e muito, não obedece. Aí o cansaço bate. Ser mãe é em tempo integral mesmo e percebo que é impossível não pensar na cria. Enquanto eu corria, não me desligava dele pensando se estava bem com o pai. A preocupação é tola, mas existe e ronda o pensamento de mãe o tempo todo. A cada quilômetro percorrido pensava: "mamãe já vai, filho". Ser mãe é viver cheia de contradições, é clamar por um tempo para si e, quando tem, não consegue parar de pensar no seu filho um só minuto. Como é cansativo e complicado. Preciso aprender a lidar com isso. Me tornei a mãe do Artur, perdi minha identidade e minhas vontades. As coisas para mim estão sempre em segundo plano, me dedico o tempo todo a ele. É estranho, muito estranho... Mas entendo que este é o real significado da palavra amor.