Há alguns dias, fui surpreendida por uma frase dita pelo meu filho. Estava brincando com ele em seu quarto quando, do nada, ele virou pra mim e disse: "Mamãe, Artur quer crescer". Na hora achei que ele não sabia direito o que aquilo significava, e perguntei: "crescer como?". E para minha total surpresa, sua resposta foi "ué? Ser grande igual ao papai!". Naquele momento sofri um aperto no coração, tomada por um sentimento estranho, meio que melancólico, como se estivesse perdendo algo.
Tentei conversar com ele e explicar como é bom ser criança, que ele vai crescer aos poucos, até se tornar um menino grande. Mas que ele ainda tinha muitas brincadeiras novas para aprender. O mais bonitinho foi que ele entendeu e falou: "Artur quer brincar de pipa! Vovô ensina?". Na mesma hora meu coração voltou a se iluminar e vi como é importante permitir que o meu filho seja criança no tempo certo, do jeitinho que tem que ser.
E como é bom ser criança! É a melhor fase das nossas vidas sim! Como gostaria de voltar a enxergar a vida com tanta leveza, inocência e serenidade. Não sofrer ao perceber a maldade do mundo e das pessoas, e não ser consumida pela ansiedade de resolver todos os problemas e encarar as responsabilidades que a vida adulta traz. Não é fácil crescer... Cada fase e dificuldade que encaramos nos faz mais maduros e sábios, sem dúvidas! Mas o preço é alto, às vezes resulta em escolhas mal feitas, tomadas de decisões precipitadas, desavenças, inimizades, doenças e também deixar de lado o que realmente nos faz feliz. Passamos muito tempo tentando agradar aos outros e esquecemos da nossa essência, aquela que desabrochamos na infância.
Lembro que quando eu era criança, o que mais me fazia feliz era fazer palhaçadas e inventar histórias engraçadas para que as pessoas rissem de mim. Minha felicidade estava em ver as pessoas sorrirem. E por algum tempo foi assim, até que a seriedade exigida pela vida adulta me fez enxergar o mundo sem risadas fartas e espontâneas. Se antes eu sorria com os olhos, meu sorriso passou a ser algo mecânico e pouco convencional para determinadas situações.
E a maturidade que ganhei junto com a maternidade me fez perceber como o mundo estava ficando chato e sem graça. Meu filho resgatou o melhor de mim, meu sorriso fácil ao acordar e boas gargalhadas com as guerras de cócegas. Cresci, sim! Todo mundo cresce. Mas tempo, vai com calma... E que a infância do meu filho não se perca com a maturidade.