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O Clone


Desde o dia 9 de dezembro de segunda a sábado às 23h00 o canal Viva exibe a novela O Clone. Exibida originalmente pela Globo no horário das 8 da noite quando começava quase às 9 entre outubro de 2001 e junho de 2002 e no Vale a Pena Ver de Novo entre janeiro e setembro de 2011, a trama de Glória Perez conta uma história de amor que enfrenta o passar do tempo e os avanços da ciência. Na década de 80, a adolescente marroquina Jade (Giovanna Antonelli) vivia no Rio de Janeiro e era uma típica garota brasileira. Mas sua mãe falece e, com isso, a menina passa por uma grande mudança de vida. Teve que voltar para o Marrocos e morar com seus parentes, muçulmanos muito religiosos. A adaptação nessa nova vida não foi nada fácil para nossa heroína. Enquanto isso, o poderoso empresário carioca Leônidas Ferraz (Reginaldo Faria) e seus filhos, os gêmeos Lucas e Diogo (Murilo Benício) estão no Marrocos de férias. Durante um passeio Lucas se encanta por Jade, que exibe seu talento na dança do ventre numa festa de família. A recíproca da garota é verdadeira, é amor à primeira vista. Mas o relacionamento dos jovens foi impedido principalmente pelo tio Ali (Stênio Garcia), que obriga a sobrinha a seguir rigorosamente os ensinamentos do Alcorão (livro sagrado dos muçulmanos). Tanto que conseguiu um casamento arranjado de Jade com Said (Dalton Vigh), muçulmano do jeito que a família dela sempre quis. A moça não teve escolha, o jeito foi aceitar a vontade do tio. Algum tempo depois, de volta ao Rio de Janeiro, Diogo faleceu num acidente de helicóptero abalando sua família e, mais ainda, seu padrinho, o cientista Albieri (Juca de Oliveira). Que decide usar seu trabalho numa tentativa de amenizar essa dor. A partir de uma célula de Lucas, decide fazer um clone fertilizando um óvulo de Deusa (Adriana Lessa), que sonhava em ser mãe e acha que a fertilização foi feita com sêmen de doador anônimo. O tratamento dá certo, Deusa engravidou e 9 meses depois deu à luz Leandro. 18 anos depois, Lucas, que abriu mão do sonho de ser músico para cuidar das empresas da família, é infeliz no casamento com Maysa (Daniela Escobar), ex-namorada de Diogo. Mel (Débora Falabella), filha do casal, sofre muito mais do que a família imagina com as constantes brigas de seus pais. Jade também vive um casamento infeliz com Said. Mas o presente dela se reencontra com o passado que parecia perdido numa viagem com o marido ao Brasil. Ela e Lucas se reencontram e o amor que parecia adormecido acorda com a mesma força que tinha no passado. Incluindo a grande vontade de lutar para finalmente ficarem juntos. Leandro (Murilo Benício), mais conhecido como Leo, é um rapaz que cresceu cercado de desconfianças sobre sua origem. Pois ele é branco e sua mãe é negra. Jade conhece Leo e se encanta por ele, que é, digamos, muito parecido com o Lucas que ela se apaixonou na adolescência. Afinal de contas, Jade ama Lucas ou aquela imagem jovem dele que ela conheceu no Marrocos? Como Albieri vai esclarecer, principalmente para Deusa e Jade, a incrível semelhança entre Lucas e Leo?

Antes mesmo de sua estreia, O Clone já era comentada. Depois dos atentados de 11 de setembro, será que o público aceitaria bem uma novela que aborda a cultura muçulmana? Os primeiros capítulos responderam a pergunta, aos poucos O Clone se tornava um grande sucesso. O que poderia ser motivo de rejeição passou a fazer parte do cotidiano do público. Expressões ditas pelo núcleo marroquino da novela como “haram” (pecado), “muito ouro, insch’Allah!”, bordão da menina Khadija (Carla Diaz) e “você vai arder no mármore do inferno” faziam parte de muitas conversas. Meninas e mulheres usavam a pulseira da Jade, um curioso acessório que unia anel e pulseira numa mesma peça, em mais um caso que a novela fez parte da moda de sua época. O núcleo brasileiro também influenciou nas conversas com os bordões de três divertidos personagens. “Cada mergulho é um flash!” da interesseira Odete (Mara Manzan), “bom te ver!” do golpista Ligeiro (Eri Johnson) e “né brinquedo não!” da divertida Dona Jura (Solange Couto). E por falar em Dona Jura, o êxito de O Clone fez o seu bar ter uma clientela muito especial. Celebridades como Pelé e Martinho da Vila fizeram participações visitando o bar mais querido de São Cristóvão. O amor de Jade e Lucas era tão forte que chegou à vida real. Giovanna Antonelli e Murilo Benício ficaram juntos por 3 anos e desse relacionamento nasceu Pietro, hoje com 14 anos.Assim como em outras novelas de Glória Perez, O Clone trouxe o merchandising social, quando a trama aborda um problema presente na sociedade. Neste caso, através de Mel e seus amigos e do alcóolatra Lobato (Osmar Prado), foi a questão das drogas. Num certo ponto da novela, a luta de Lucas, Maysa e Xande (Marcello Novaes), namorado de Mel, para que a garota deixasse o vício, praticamente se tornou a protagonista de O Clone. A jovem esteve em duas cenas memoráveis da novela, quando, durante uma crise de abstinência, bebeu perfume, que na realidade era chá, e quando foi internada à força numa clínica de reabilitação. Cena que foi notícia também pelos seus bastidores. Débora Falabella teve meningite e precisou se afastar das gravações da novela. Durante sua recuperação, Mel foi interpretada por sua irmã, a também atriz Cynthia Falabella. Mesmo tomando os naturais cuidados de mostrar Mel, ou melhor, Cynthia de longe ou de costas e com poucas falas, esta substituta muito especial deixou sua marca na novela. Tanto que voltou no final da trama com outro visual interpretando Monique, filha de Lobato. Pela abordagem sobre as drogas feita pela novela, Glória Perez foi premiada como Personalidade do Ano de 2002 pelo Conselho Estadual Antidrogas do Rio de Janeiro, homenageada pela Associação Brasileira de Alcoolismo e Drogas e, junto com Jayme Monjardim, diretor de O Clone, pelo FBI e pela Drug Enforcement Administration, órgão do governo dos Estados Unidos responsável pelo combate ao tráfico de drogas. Outra característica das novelas de Glória Perez que apareceu em O Clone foi a grande facilidade que os personagens transitam entre lugares muito distantes. A rapidez com que os personagens do Rio de Janeiro iam para o Marrocos e vice-versa sempre aparecia em O Siliclone, sátira da trama feita pelo Casseta & Planeta Urgente.

O sucesso de O Clone se consolidou com o passar dos anos. Foi exibida em vários países e rendeu uma versão hispânica, El Clon (2009), co-produção entre Globo e Telemundo, que pertence a emissora americana NBC, e protagonizada por Sandra Echeverria (Jade) e Mauricio Ochmann (Lucas/Diogo/Leo). Parece que a novela passou outro dia, mas já se vão 18 anos da exibição original e quase 9 da reprise no Brasil. Mas esta reprise do Viva mostra a importância da novela na história da teledramaturgia brasileira e nos faz relembrar de outros momentos que não estavam tão presentes na memória como imaginávamos. E, principalmente, com o Viva cumprindo o seu papel de trazer os grandes sucessos da Globo de volta e na íntegra.

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