Neste ano, pela primeira vez desde o nascimento do meu filho, tirei férias e apresentei a ele um mundo completamente novo. Foram meses de ansiedade e medo, temendo que os seis dias de descanso pudessem se tornar um pesadelo. Temia, principalmente, acontecer uma pirraça daquelas, em que ele fala aos berros "eu não gosto daqui, quero a minha casa". O trajeto também me preocupava, pois ficar dentro de um carro por mais de oito horas é realmente entediante. Mas para minha feliz surpresa, nossa viagem em família foi inesquecível!!!
Tanto no percurso de ida como de volta, Artur se comportou maravilhosamente, um verdadeiro rapazinho. Nas primeiras horas, embalado pelo movimento do carro, dormiu tranquilamente. Comeu direitinho na hora das refeições, pediu para fazer xixi e cocô quando teve vontade. E curtiu alguns desenhos no tablet, alternando com conversas animadas e cantorias. Tudo era novidade, a chuva na estrada, o boizinho no alto do morro e até mesmo o cavalinho de brinquedo com rabo peludo no posto de parada no meio da estrada. Enquanto nós adultos estávamos loucos para chegar no nosso destino, para ele isso era um detalhe.
Em nenhum momento ele reclamou, falou que estava em uma casa nova. Passeou de trem, de charrete, bebeu água natural, direto da fonte. Mas também correu na praça, brincou no parquinho e tomou banho de piscina. Mesclando o novo com o que já fazia parte de sua vida, o passeio se tornou algo incrível. Meu filho pôde experimentar coisas diferentes, mas que na verdade o faziam tão feliz quanto experiência e brincadeiras antigas. E nesse turbilhão de coisas boas, ele mal lembrava de mim. Preferiu dormir no meio do vovô e da vovó, só queria andar na rua abraçado com o primo. E quando eu tentava curtir alguns momentos com ele, era um fracasso. Brigava comigo e falava que queria ficar com o vovô. Chorei, fiquei chateada... Mas entendi, que naquele mundo novo, eu não era novidade. Eu fazia parte da rotina, do dia-a-dia dele, e que eu estava mesmo fora daquele contexto.
Os seis dias passaram, voltamos para o nosso mundo, o nosso lar. Mas sem dúvidas meu filho voltou diferente, mais feliz e cheio de novidades para contar. Uma parte importante da infância foi fixada na memória afetiva dele. Um passeio inesquecível, cercado pelas pessoas que ele tanto ama. Um passeio sem compromisso, sem correria ou hora marcada para fazer as coisas. Uma viagem com sorvete a toda hora e com iogurte e pão de queijo todos os dias no café da manhã. Um passeio em que ele conheceu uma amiguinha chamada Mariah, que ensinou para ele que nunca pode fazer a mãe chorar. E essa mesma menininha despertou sentimentos como ciúmes e proteção. Brigou pela primeira vez com o primo por causa de uma garota (sim, Artur e Antonio brigaram pela Mariah) e mesmo naquele universo infantil, atrapalhado e inocente, conseguiu demonstrar o quanto ele se importava com ela.
Essa viagem marcou minha vida e me encorajou a continuar vivendo momentos ao lado do meu filho. Aprendi que o medo e a ansiedade não podem ser maiores do que a oportunidade de experimentar o novo e que a minha insegurança não pode impedir e nem refletir nós momentos que meu filho precisa viver. E, cá pra nós, sair da rotina faz qualquer pessoa muito feliz.